sábado, 11 de dezembro de 2010


Faltam-me as cartas!
Já ninguém as escreve, já ninguém as descobre em caixas perdidas no sotão, atadas com laços em envelopes amarelecidos.
As cartas lembram-me as que escrevi dos sítios por onde passava e as cartas que recebia dos sítios por onde os outros passavam. E o papel, criteriosamente escolhido, sem dobras, vincos ou manchas, apenas a marca de água em forma de coroa.E a ida aos correios, o selo colorido com uma história para contar ou uma data a recordar.E o pote que vertia descontroladamente a cola que lutava com um pincel sem barba.E depois soltavamo-la no marco do correio e esperavamos semanas pela resposta.
As cartas lembram-me silêncios repetidos, em que a caneta percorria o papel, sem medos ou restrições, como um prolongamento perfeito do que vai no coração.
É bom receber cartas a sério, em envelope bonito, dobrada em três partes iguais, sem vincos a mais.

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